quarta-feira, 31 de março de 2010

Algumas Questões Sobre Calibração

Seguem alguns respostas dada a um cliente:

1) O equipamento pode ser calibrado na faixa de utilização ou devemos sempre calibrar em toda a faixa de indicação? Mais pontos levam a maior custo.

R: Sim, o instrumento pode ser calibrado somente na "faixa de utilização". Neste caso é comum colocar um comunicado, uma etiqueta no instrumento de medição, por exemplo, chamada de "limitação de uso: este instrumento deve ser utilizado na faixa de .... a....pois foi calibrado dentro desta faixa".

2) O número de pontos a serem calibrados na faixa, existe alguma recomendação ou depende de equipamento para equipamento?

R: O número de pontos de calibração depende de alguns fatores.

A quantidade de pontos escolhidos refletirá na melhor relação com a incerteza e confiabilidade dos resultados.

O número de pontos a serem avaliados é variável e depende de uma série de fatores, tais como:

- nível de detalhamento necessário ou desejável: Quanto mais linear a resposta do instrumento de medição, menos pontos são necessários. Se o instrumento será um padrão para calibração de outros instrumentos, 10 a 15 pontos de calibração é o adequado. Se o instrumento é de uso mais geral, minha recomendação é que o número de pontos não seja menor do que 5, embora tenham normas como a de manômetros, que recomendam pelo menos 3 pontos de calibração.

- tempo disponível para levantamento dos dados;

- complexidade da geração e estabilização do que será medido: Por exemplo, calibrar um termômetro exige muito tempo de estabilização da grandeza e isto limita o número de pontos para não encarecer a calibração. Quando calibramos instrumentos por processos mais simples, como uma balança, a calibração geralmente é rápida e investir em 10 pontos de calibração é algo natural.

Não existe uma regra única que possa ser amplamente aplicada a todos os tipos de equipamentos em todos os campos da medição. Primeiro verifique se há uma norma técnica que exige o número mínimo de pontos de calibração para o instrumento a calibrar. Não havendo normas ou especificações na norma sobre os pontos de calibração, utilize o bom senso.

3) Vamos supor que um equipamento foi calibrado em março de 2009. Este equipamento ficou armazenado em condições recomendadas durante um ano, para então ser utilizado. A data inicial para controle do período de calibração deve ser 2009 ou 2010. Nós consideramos a data da calibração, e não a data do início de utilização.

R: Independente se o instrumento foi utilizado ou não sempre deve ser considerada a data da calibração para a definição do intervalo de calibração.

4) Diferença entre calibração e verificação. Quais as diferenças no processo?

Calibração nada mais é do que comparar os resultados do equipamento a calibrar com um padrão. Dessa comparação se determinam dois parâmetros importantes: os erros e as incertezas associadas a calibração.

Verificação: Atividade experimental, com características de uma calibração simplificada, que visa fornecer evidências sobre a manutenção ou não da conformidade do instrumento, cadeia, sistema ou processo de medição. Seu objetivo é a manutenção da confiança no resultado da calibração, até que nova calibração seja efetuada.

Veja comparação a seguir:

Calibração (C)
Verificação (V)

(C) Objetivo: determinar os erros de um instrumento de medição e, portanto das correções a serem aplicadas.
(V) Objetivo é verificar se os erros do instrumento de medição estão se alterando ao longo do tempo.

(C) O resultado de uma calibração deve ser registrado em um documento, algumas vezes denominado certificado de calibração ou relatório de calibração. Recomenda-se que o conteúdo obedeça os requistos da seção 5.10 da NBR ISO/IEC 17025.
(V) Não é necessário gerar certificado ou relatório. Um registro com os dados da verificação e um parecer do responsável é suficiente.

(C) Envolve um trabalho de determinação de erros em vários pontos de calibração espalhados entre os limites mínimo e máximo da faixa de indicação. Requer a realização de vários ciclos de calibração.
(V) Em geral um ou 3 pontos de verificação entre os limites mínimo e máximo da faixa de indicação são suficientes. Uma medição em cada ponto é suficiente.

(C) Requer a avaliação da incerteza da calibração.
(V) Não requer a avaliação de incerteza.

(C) Processo relativamente demorado e caro
(V) Processo relativamente rápido e barato.

(C) Exige maior especialização do executante.
(V) Exige pouca especialização do executante.

(C) Requer padrões de calibração.
(V) Pode ser realizada com padrões ou não.

(C) Exige procedimento de execução detalhado.
(V) Procedimento mais simples.

(C) Freqüência de realização definida pelo usuário do instrumento de medição.
(V) Maior freqüência de realização do que a calibração e definida pelo usuário.

(C) Pode ser realizada internamente ou por laboratórios externos.
(V) Geralmente é realizada internamente pela equipe do laboratório da empresa.

Um aspecto muito importante: a verificação intermediária não fornece rastreabilidade metrológica, mas a calibração sim.

5) Calibração em campo. A calibração do equipamento em campo traz como vantagem a análise do funcionamento do equipamento nas condições de uso. A calibração em campo traz incertezas maiores?

R: A calibração em campo geralmente faz a incerteza de medição da calibração, aquela informada no certificado de calibração, ser maior do que aquela obtida em laboratório. O meio ambiente é completamente diferente daquele de um laboratório, muito mais agressivo em geral e com maior variabilidade, por exemplo na temperatura, fazendo que as incertezas de medição associadas ao padrão de calibração, passem a serem maiores. Nestes casos é fundamental se conhecer como o padrão de calibração se comportará em campo.

Um grande abraço,

Gilberto
CECT

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