terça-feira, 27 de outubro de 2009

Análise de Certificados de Calibração

Passo abaixo perguntas de um cliente, com as minhas respectivas respostas. Creio ser de interesse de muitos.

Gilberto desculpe incomoda-lo, mas gostaria de contar com a sua ajuda para um esclarecimento.

Pode ser algo simples para o qual não estou me atentando.

Para os equipamentos, quando definimos o critério de aceitação com base na tolerância, tenho aplicado o calculo grosseiro, ou seja, aplicando o fato divisório 3.

A primeira pergunta

De onde surgiu esse fator 3 ? Assim como pode ser aplicado o 5, 10 (este mais seguro) também. Convém usar o fator 10 para todos os equipamentos de laboratórios de ensaio?

R1) Sempre que possível vc deve tentar usar a relação 1:10. Por que isso? A idéia é garantir que a influência do instrumento sobre a aprovação de um produto ou processo seja a menor possível. Sempre corremos o risco de aprovar um produto ruim e reprovar um produto bom por causa da incerteza e dos erros de medição. Quando tomamos a relação incerteza x tolerância de 1:10 esse risco diminui mais ainda será possível aprovar um produto ruim e reprovar um produto bom. Essa relação é a que melhor custo benefício tráz para a empresa. Uma relação do tipo 1:15 pode ser muito caro, pois o equipamento de medição passa a ser caro demais.

A segunda pergunta

Já que se aplica um terço da tolerância como critério de aceitação, toda vez que se compara aos valores citados nos certificados de calibração, o erro somada a incerteza, supera o critério de aceitação, assim, todos os certificados estariam não-conformes. Minha dúvida é se estou esquecendo de algo nessa avaliação, porque a principio tudo que recebo não esta de acordo.

R2) Você está fazendo a análise correta, embora com risco bem grande pois usa a relação 1:3. Se todos os certificados estão não conformes pode haver duas situações:

1) os instrumentos já não foram adequadamente selecionados, ou seja, usaram algum critério não adequado para selecionar o instrumento ou nenhum critério foi usado.

2) o fornecedor de calibração não é adequado pois consegue incertezas na calibração muito altas ou não ajusta os instrumentos para reduzir os erros de medição.

A terceira pergunta

Quando nos deparamos com erros citados nos certificados, o recomendado é corrigir todas as leituras e então registrar nos formulários ou seria seguro dizer que os erros estão na faixa de erro. Exemplo, se monitoro algo entre 20 e 25 graus Celsius e esta faixa cobrir os erros apresentados nos certificados, poderia manter ou devo corrigir?

R3) Não ficou muito claro para mim a questão, mas vou responder. Você sempre tem que ter os registros das medições pois elas são as evidências que o valor medido realmente caiu dentro do intervalo. Vc deve corrigir erros quando estes são significativos na sua medição e deve evidenciar na sua planilha quais os valores não estão corrigidos e quais os valores após a correção. Assim fica bem claro que você corrige erros.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Influência da Aceleração da Gravidade em Competições Esportivas

Entre os numerosos erros que afetam as medidas no campo do esporte, aquele que é mais freqüentemente cometido e que, no entanto, poderia ser mais facilmente corrigido está relacionado com a variação da aceleração da gravidade.

Sabe-se que o alcance de um arremesso, ou de um salto a distância, é inversamente proporcional ao valor de “g”. A aceleração da gravidade “g” varia de um local para outro da Terra, dependendo da latitude e da altitude do local. Então, um atleta que arremessar um dardo, por exemplo, em uma cidade onde o valor de “g” é relativamente pequeno (grandes altitudes e pequenas latitudes) será beneficiado.

Quando um atleta arremessa um dardo, um peso, um disco ou mesmo seu próprio corpo (saltos em altura ou em distância, esses objetos descrevem praticamente trajetórias parabólicas, características do movimento de um projétil. O alcance que o atleta obtém em qualquer um desses lançamentos, é inversamente proporcional ao valor da aceleração da gravidade. Portanto, como era de esperar, em um local onde o valor de “g” é mais elevado, o alcance é menor e reciprocamente.

Por esta razão, um atleta que arremessar um dardo, por exemplo, em uma cidade onde o valor de “g” é relativamente "pequeno" (como na Cidade do México), será beneficiado. Cálculos cuidadosos mostram que as variações de “g” de um local para outro podem acarretar diferenças de até 3 cm no alcance de um arremesso de peso. Uma vez que as medições em competições esportivas internacionais são, atualmente, realizadas com baixa incerteza de medição, uma diferença como a citada pode levar um atleta a receber, injustamente, um título de recordista mundial. Embora as correções necessárias para evitar esse problema possam ser feitas com facilidade, ao que tudo indica elas não costumam ser levadas em conta pelas autoridades competentes.